“A primeira impressão foi de que queria muito voltar, aprender mais e melhorar situações menos boas, tendo ficado com a sensação de que o meu mundo é esse e que eu lhe pertenço”
Em entrevista exclusiva a Lux, Nádia Campos fala do que foi representar Angola nas passarelas de Milão pela segunda vez. Leia…
Fale-nos um pouco de si
NC: falar um pouco de mim, parece fácil, mas não é (risos). Sou uma pessoa sempre bem-humorada, mas que gosta de estar no seu canto. Sou muito observadora e muito detalhista em tudo que me rodeia, sou a mais nova e muito próxima da minha mãe e irmã mais-velha, penso que desenvolvi uma forma mais carinhosa de lidar com as pessoas.
Procuro ser uma pessoa positiva e me dar bem com todo o mundo, mesmo em situações de conflito consigo ver e perceber uma situação por inúmeras perspectivas, compreendendo todos os lados envolvidos. Sempre fui um pouco tímida, mas isso não fez com que me afastasse daquilo que poderia afectar as minhas emoções.
Sou apaixonada pela minha família, sempre fui uma pessoa de correr atrás dos meus objectivos, bastante determinada, sempre alcancei aquilo que me propos.
Nádia Da Conceição Campos Modelo de 22 anos, angolana, natural de Luanda, estudante universitária do quarto ano cursando (Análises Clínicas). Filha de Sónia Monteiro Campos e Mário Paixão.
A Moda sempre foi um sonho?
NC: não. Foi meio que impulsionado, sempre gostei de moda, mas não me imaginava como modelo, embora que em qualquer sítio que eu fosse as pessoas diziam que eu deveria ser modelo ou miss, por ser alta e bonita. A minha irmã já era modelo na época e ela sempre quis ter a minha altura, sou menor dela, mas sempre fui mais alta, para ela sempre foi um sonho ser modelo, algo natural que ela realmente gostava de fazer! Para mim, foi meio impulsionado o meu gosto de ser modelo foi surgindo com o tempo, e hoje adoro o que faço e não me imagino ficar sem fazer moda.
Como se caracteriza como modelo?
NC: versátil, focada, determinada, dedicada, adoro fazer tudo, aprender inclusive coisas desafiadoras e interessantes, e presto atenção aos detalhes, pois são muitas vezes os detalhes que fazem a diferença.
Sente que já é uma influência no mundo da moda?
NC: bem é uma afirmação muito forte, mas penso que Sim! Hoje em dia com as redes sociais, já tenho um número considerável de seguidores relacionados com a moda e tenho procurado interagir com outras modelos dando dicas e opiniões no sentido de poderem melhorar. Na verdade, os desfiles na Europa fazem com que diariamente aprenda e melhor e é isso que também tenho tentado passar a outras modelos.
Milão — Como foi a experiência?
NC: foi uma experiência extraordinária. Foi incrível poder estar entre as modelos que fizeram parte desse evento marcante para todos os amantes de moda e não só, sentir aquela pressão, aquele frio na barriga e principalmente sentir aquela responsabilidade por ser um evento de grande dimensão, toda vez que fecho os olhos, ainda vejo os holofotes virado para mim. Foi tão especial como da primeira vez que participei (MFW2020).
Quais as dificuldades que encontrou por lá?
NC: chegar a um casting e encontrar cerca de 200 ou 300 modelos lindas, de toda parte do mundo e desfilam muito bem, aí surge muitas dúvidas, se realmente sou boa o suficiente, se conseguirei passar nesse casting, surge uma insegurança por mais que sabemos que somos boas, mas a insegurança acaba invadindo a nossa cabeça. Vencer em Milão é muito difícil, tens de ser muito completa em todas as áreas e tudo tem de sair perfeito.
Quais foram as primeiras impressões que teve depois do desfile?
NC: a primeira foi de que queria muito voltar, aprender mais e melhorar situações menos boas, tendo ficado com a sensação de que o meu mundo é esse e que eu lhe pertenço.
Muitos contratos a caminho?
NC: só o tempo o dirá…
Como foi a interacção com os profissionais?
NC: foi muito boa! Eu me encaixava no meio deles, foi como se fizesse sempre parte daquilo. Darei o meu melhor para que sempre me sinta assim!
De Angola para o mundo. De certo modo, um profissional internacional é como um embaixador do seu próprio país no Mundo. Como se sente ao carregar essa responsabilidade?
NC: É uma sensação maravilhosa, mas, ao mesmo tempo, um pouco assustadora, eu me sinto muito lisonjeada por estar a desempenhar esse papel de grande responsabilidade, mas isso significa que eu preciso dar o melhor de mim a cada dia que passa, porque eu não serei apenas a Nádia Campos ou a Hadja Models, eu estarei representando algo maior, estarei a representar cada um do povo angolano, estarei a representar Angola, contando apenas um aparte, este ano quando era maquilhada e disse ser angolana, a maquilhadora disse logo “Angola… Kizomba” foi tão reconfortante fazer parte desse país maravilhoso.