O artista plástico angolano Paulo Kapela, que “influenciou directamente” uma geração de artistas mais jovens que se afirmaram além-fronteiras, morreu na terça-feira, vítima de Covid-19, segundo informou o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente.
O artista testou positivo à covid-19 e esteve internado 10 dias na Clínica da Endiama, na Ilha do Cabo, em Luanda.
Autodidata, Kapela nasceu em 1947 em Maquela do Zombo, na província do Uige, começou a pintar em 1960 na Escola Poto-Poto, em Brazzaville, República do Congo, e vivia e trabalhava em Luanda desde 1989. O artista participou em inúmeras exposições colectivas em África e na Europa, com passagem por Portugal.
No âmbito da Trienal de Luanda, integrou a exposição “No Fly Zone” (Lisboa, 2013, no Museu Berardo) e a representação angolana da Bienal de Veneza na exposição “Check List – Luanda Pop”. As suas obras estiveram também presentes na exposição itinerante “Afrika Remix”, que passou por Londres, Paris e Tóquio e “Réplica e Rebeldia” (2006).
Nos últimos anos, expôs individualmente em Luanda nas galerias Tamar Golan, ELA (Espaço Luanda Arte) e no Camões – Centro Cultural Português. “O Kapela fará muita, muita falta. Deixa um vazio enorme no palco da arte contemporânea nacional”, assinalou numa nota o director-geral do ELA, Dominick A. Maia Tanner.
Em 2003, Paulo Kapela recebeu o prémio Ciciba – Centro Internacional de Civilizações Bantu, em Brazzaville, e foi o vencedor da edição de 2020 do Prémio Nacional de Cultura e Artes (PNCA), na categoria de Artes Visuais e Plásticas. O júri destacou que o artista mereceu o galardão pela sua técnica artística “diferenciada” e por considerá-lo “um mestre” para a geração mais nova.
Recentemente, a Fundação Arte e Cultura prestou tributo ao mestre Kapela, a 14 e 15 de Novembro, com a exposição colectiva “Paz e Amor”.
“Papá Kapela, como era carinhosamente chamado, influenciou directamente uma geração de jovens artistas angolanos que emergiram nos últimos anos e que se afirmam, cada vez mais, além fronteiras”, destacou a mensagem de condolências do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente.
“Homem modesto, mas de incalculável magnitude artística, sempre viveu em condições adversas, primeiro no edifício da UNAP, União Nacional dos Artistas Plásticos, depois no Beiral, tendo passado ainda pelos bairros Palanca e Vila Alice”, acrescentou a nota.