Sinopse
Caem aparelhos de ar-condicionado dos prédios de Luanda. Não é a nova Luanda, é a Luanda de sempre. Ar-Condicionado é um filme de ambientes e de sonhos — não é por acaso que temos uma empregada doméstica e um guarda de um prédio envolvidos numa peripécia que mete uma máquina de recuperar memórias. O fantástico passa por esta visão, uma visão ao sabor do irreal, do onírico. Entra-se no filme como uma viagem pelas memórias vivas de uma cidade e sai-se despertado por uma utopia que impele à reflexão sobre a luta das classes sociais.
Com um título simples e verdadeiramente curioso, “Ar Condicionado” é o filme angolano que surpreende por onde passa vindo de um país sem tradição cinematográfica.
Com a realização de Fradique, pela Geração 80, o seu primeiro longa-metragem, é um esboço fascinante e de qualidade sobre aquilo que acontece na cidade “Kaluanda”, a capital de Angola.
Os aparelhos de ar-condicionado são uma espécie de totem (objectos sagrados), da contemporaneidade em crise, este é esquadrinhada de modo fantástico e poético por Fradique.
A função dos eletroeletrónicos é modificar a natureza, gerar calor ou potencializar o frio dos ventos que assim não o são originalmente. No Longa, Os ar-condicionados começam misteriosamente a cair dos prédios, o que causou uma tensão social. No trajecto que Zezinha, papel muito bem representado pela actriz Filomena Manuel, faz diariamente ao trabalho de empregada doméstica numa residência de abastados, ela toma conhecimento, pelo rádio do seu táxi, a notícia de que os ar-condicionados estão simplesmente a “beijar o solo”. Já no local de trabalho, ela vai ser encarregada de justamente garantir o conserto do aparelho exemplar do seu patrão, para isso pediu auxílio ao segurança do prédio onde trabalha, Matacedo, na pele de José Kiteculo. Essa missão leva-os à loja de materiais eléctricos do Kota Mino, que tem montado, em segredo, uma complexa máquina de recuperar memórias, estando o grupo em meio a uma missão banal, mas que ganha contornos líricos diante do colapso não explicado dos artefactos antinaturais que se aniquilam.
Esta obra cinematográfica foi premiada em Innsbruck, passou pela China, Índia, e o ano passado chegou em Angola, para dar um pouco de magia às “makas da banda” e despertar as nossas mentes de um jeito único.
Fradique Passos Manuel, nasceu em 1986, em Angola, e é um dos fundadores da produtora Geração 80. Formou-se em cinematografia nos Estados Unidos da América, e já realizou várias curtas-metragens, uma delas, intitulada “Independência”, lançada em 2005 “Parte de memórias da situação colonial em Angola, revela os passos iniciais da luta de libertação e percorre alguns dos seus principais cenários.”
Por: Bruna Guilherme
Fonte: https://bit.ly/3jDvYSU